🇧🇷 Um país que tropeça na própria calçada não pode sonhar com grandes passos 🕳️👣💔
O Brasil Tem Jeito? Sim, Mas Só Quando Conquistarmos a Acessibilidade nas Nossas Calçadas
Não são os escândalos políticos, nem a inflação persistente ou os fantasmas que assombram o Congresso que mais denunciam o nosso fracasso como nação. O retrato mais sincero do Brasil está sob os nossos pés. Literalmente. A calçada — essa faixa de chão esquecida entre a sarjeta e o muro — é a alegoria perfeita da nossa desordem. Em cada desnível, um projeto que não terminou. Em cada buraco, a promessa que não veio. É ali, onde tropeçamos todos os dias, que o país se revela.
Já tropecei muito por aí, e não apenas nas pedras soltas do caminho. Tropecei na lógica de um Estado que não sabe cuidar do básico. Se não somos capazes de garantir que o cidadão caminhe com segurança até a padaria, por que acreditamos que vamos consertar a economia, reformar o sistema político ou acabar com a desigualdade? A calçada é simples, concreta — no sentido real da palavra —, e, ainda assim, escapa das prioridades.
Dizem que é só um detalhe. Mas os detalhes, neste país, matam. Para quem anda de bengala, de cadeira de rodas, com carrinho de bebê ou simplesmente com pressa, a cidade se torna uma selva de armadilhas. Calçadas tortas são como o Brasil que não endireita: um lugar onde a regra é o improviso, e a dignidade vai tropeçando até cansar. E assim seguimos, desviando dos buracos, como quem desvia de tudo que dói, que incomoda, que exige responsabilidade.
Talvez, no dia em que formos capazes de construir uma calçada reta, lisa e contínua, consigamos também imaginar um país onde as promessas não terminam na primeira esquina. Porque calçada é chão, é caminho, é o traço mais íntimo entre um cidadão e sua cidade. E um país que não respeita os passos de quem anda, jamais chegará a lugar algum.
📖 Hismere também é reflexão! ✍️😎🧑🦯
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