Crônica da Segunda: A festa de formatura do meu sobrinho


Aproveite! Lá vem história!✍️😎🧑‍🦯


Imagine a cena: um salão decorado como se a NASA tivesse lançado um foguete de glitter, balões disputando espaço com cabeças e o DJ tocando uma playlist que só pode ter sido compilada por uma das mães que faziam parte da comissão da formatura. No meio dessa multidão animada, lá estou eu – um quase cinquentão, deficiente visual total, com minha amada esposa vidente como guia oficial da noite.  


Estávamos Acompanhados pela minha mãe (uma especialista em transformar qualquer conversa em um evento), minha filha adolescente (dona de coreografias que nem o TikTok conhece), e um casal de tios que mais parecem personagens de um filme de comédia com suas histórias inacreditáveis. Foi messe bonde que cheguei ao grande evento da noite: a festa de formatura do nono ano do meu sobrinho mais velho de Pompéia.  


Ah, o Gabriel. Esse menino, que até outro dia confundia o lado certo da camiseta, agora está aqui, fechando o ciclo do ensino fundamental e nos fazendo perceber que o tempo é implacável. Minha mãe não perdeu a chance de soltar a clássica: "O tempo voa, não é mesmo?" Mas a festa de formatura do Gá não era só sobre ele; era sobre nós, os coadjuvantes nesse espetáculo cheio dos meus bafões, sorrisos e alegrias. Quer saber como foi essa epopeia? Cola comigo que eu vou te contar...  


Logo na chegada ao salão, a primeira missão já parecia digna de um episódio de reality show: encontrar a bendita mesa reservada. Você já tentou localizar algo num lugar lotado, com adolescentes circulando em grupos, garçons desviando e sua mãe narrando a decoração como se fosse comentarista de desfile de carnaval da Rede Globo? Pois é. Minha esposa, eficiente como sempre, assumiu a liderança e foi à caça. Enquanto isso, o restante da trupe debatia algo de suma importância: onde me colocar.  


"Ah, coloca ele na cabeceira da mesa, que é de respeito!" – dizia minha mãe, num tom de amor e proteção. Mas logo veio a teoria acadêmica de alguém da família Buscapé: "Tem que ser num canto onde ninguém passa, pra não tropeçarem nele. Segurança em primeiro lugar, gente!" Resultado? Acabei estrategicamente posicionado colado à parede, tão perto que, por um momento, achei que estava no paredão do Fidel.  


Já sentado no meu trono improvisado, comecei o desafio de imaginar a decoração do salão pela descrição alheia. Minha mãe foi a primeira a assumir o microfone imaginário:  

"Olha, tá tudo lindo! Muitas bexigas coloridas, bem vibrantes, e as flores... Ah, as flores são naturais! Dá para sentir o cheiro, não dá?" E era verdade; um perfume doce e fresco parecia flutuar no ar, misturando-se ao aroma do buffet. Minha esposa, sempre prática, completou: "As mesas têm toalhas brancas, e no centro tem um vaso de vidro com muitas flores. Extremamente elegante." Minha filha, empolgada, deu o toque final: "Pai, pensa assim: balões azuis e brancos, balões transparentes brilhando nas luzes e uma parede cheia de fotos dos formandos. Tá tipo filme americano!"  


A cena que minha mente criou era algo entre um videoclipe dos anos 90 e um comercial de refrigerantes. Deixei minhas definições de lado,  pois eu estava feliz e se todos diziam que estava lindo, devia estar.  


O grande dilema da noite veio logo: os aperitivos. Minha esposa se ofereceu para pegar as entradas no buffet, mas a pergunta que ela lançou me pegou desprevenido:  

"Amor, o que você quer que eu traga?"  

Parece simples, mas para mim virou um daqueles dilemas filosóficos. "Bom... O que tem lá?" Ela começou: "Tem frios, vários tipos de patê, torradinhas crocantes, pãezinhos..." Minha cabeça deu um nó. Como decidir entre patê de algo misterioso e um pãozinho igualmente enigmático? Suspirei e disse: "Traz um pouco de tudo. Mas não muito."  


Quando ela voltou, o prato era tão cheio que parecia o buffet em miniatura. "Achei que assim você conseguiria provar tudo e decidir o que mais gostou!" E lá fui eu, tateando torradas e patês, tentando descobrir o que combinava ou não. Spoiler: pão com patê de berinjela foi uma boa surpresa e tinha um queijinho com geleia  muito saboroso!


Depois de algumas rodadas de risadas e cervejas sem álcool, que meu tio não deixava faltar em minha taça, o calor do salão ficou insuportável. Pedi à minha esposa: "Amor, vamos dar uma volta. Preciso esticar as pernas." Assim começou nossa expedição quase arqueológica entre mesas, cadeiras e crianças correndo. Minha falta de habilidade para andar sem tropeçar parecia o ponto alto de um programa de pegadinhas. "Cuidado! Mesa à direita... balão na altura do rosto!" minha esposa narrava.  


No meio da aventura, ouvi uma voz familiar: meu primo. Não nos víamos há meses. Logo fui puxado para um abraço nostálgico, seguido por reencontros com amigos e amigas de escola que estavam na festa como pais e tios de outros formandos. Foi uma viagem no tempo inesperada, cheia de gargalhadas e histórias de "lembra daquela vez?".  


Quando a música parou, todos voltaram suas atenções ao centro do salão. Era a entrada triunfal do Gabriel. O locutor chamou seu nome, e imaginei a cena: ele, de smoking impecável e tênis branco, irradiando confiança. A valsa começou, e minha esposa sussurrou: "Amor, ele tá lindo e dançando tão bem! Você ia ficar orgulhoso." Eu estava. Também estava feliz pelo    meu irmão e pela cunhada que estavam vibrantes com a conquista de mais uma etapa vencida pelo pimpolho!


Saí de lá com o coração cheio e a certeza de que, mesmo com todas as minhas trapalhadas, faço parte de algo muito especial, uma família que amo e muito.


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