Combatendo a alienação, você é um trabalhador que lê?
Você é um trabalhador que lê? Então também pensa, reflete e tem uma leitura de mundo toda especial. Caso tenha um potencial crítico, está mais propenso a realizar a tão esperada mudança social. Para tanto, se inquieta e insiste em compreender mais criticamente suas vivências cotidianas, almejando transformar a realidade na qual vive.
Fazendo parte desse processo, a leitura se configura como o elemento libertador, agindo como a energia necessária para combater a alienação que o sistema dominador insiste em colocar os trabalhadores no patamar de meros coadjuvantes de suas próprias histórias
Se você está decidido combater a alienação através da leitura, com o intuito de modificar a realidade na qual está inserido, lhe apresento, a produção do dramaturgo e poeta alemão Berthold Brecht (1898 1956).
Grande pensador, foi umsujeito cheio de ideais. Llutou contra o nazismo que assolava a Europa, usando a arte e a literatura como armas. Ao defender a necessidade dos trabalhadores entenderem o processo histórico que determina sua condição de vida, o poeta se tornou uma referência para os movimentos sociais.
No poema Perguntas de um trabalhador que lê, de 1935, Brecht exprime o que seria essa representação. Se liga!
Perguntas de um trabalhador que lê
Quem construiu Tebas, a cidade das sete portas?
Nos livros estão nomes de reis;
Os reis carregaram as pedras?
E Babilônia, tantas vezes destruída,
Quem a reconstruía sempre?
Em que casas da dourada Lima viviam aqueles que a construíram?
No dia em que a Muralha da China ficou pronta,
Para onde foram os pedreiros?
A grande Roma está cheia de arcos-do-triunfo:
Quem os erigiu? Quem eram aqueles que foram vencidos pelos césares?
Bizâncio, tão famosa, tinha somente palácios para seus moradores?
Na legendária Atlântida, quando o mar a engoliu, os afogados continuaram a dar ordens a seus escravos.
O jovem Alexandre conquistou a Índia.
Sozinho?
César ocupou a Gália.
Não estava com ele nem mesmo um cozinheiro?
Felipe da Espanha chorou quando sua armada naufragou. Foi o único a chorar?
Frederico 2º venceu a Guerra dos Sete Anos.
Quem partilhou da vitória?
A cada página uma vitória.
Quem preparava os banquetes?
A cada dez anos um grande homem.
Quem pagava as despesas?
Tantas histórias,
Tantas questões
Como bom leitor que você é, vou te deixar por Aqui algumas questões de ordem pessoal para refletir sobre o poema:
1. O poema destaca a ausência de reconhecimento dos trabalhadores anônimos que construíram grandes cidades e impérios. Isso te faz refletir sobre a importância de reconhecer e valorizar o trabalho dos outros em nossas próprias vidas?
2. O poema também questiona a ideia de que grandes feitos históricos foram realizados por indivíduos sozinhos. Isso te leva a pensar sobre como as narrativas históricas podem ser influenciadas por perspectivas e interesses específicos?
3. A obra poética apresenta uma crítica sutil à forma como a história é contada e recordada. Isso te inspira a repensar como você próprio conta e recorda suas próprias histórias e experiências?
4. Ao ler o poema, você se sente convidado a questionar a sua própria relação com o trabalho e a sociedade. Você se vê como parte de uma estrutura que valoriza mais os resultados do que as pessoas que os produzem?
5. O poema parece nos convidar a "olhar para trás" e reconhecer as contribuições dos trabalhadores anônimos que construíram a história. Como você acha que essa mudança de perspectiva poderia influenciar a forma como vivemos nossas vidas e nos relacionamos com os outros?
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