🏍️😎🧑‍🦯 Capítulo 01: O cego, a moto e a estrada

O barulho do vento é o primeiro a chegar. Um vento que corta, que avisa, que empurra. Ele sabe que está na estrada antes mesmo de sentir o cheiro do asfalto quente.


A moto, sua Gatuna, vibra sob as pernas como um animal vivo, inquieto e fiel, pressentindo antes dele quando o mundo está prestes a mudar.


Ele não enxerga a faixa contínua, os carros passando, o horizonte cinza à frente. Mas sente tudo. Sente a estrada pelo corpo, pelo som, pelo movimento. Lê cada variação do vento como quem decifra um mapa invisível aos outros.


De repente, a Gatuna desacelera com aquele ronco grave que sempre o faz sorrir. Ele encosta, colocando os pés no chão como quem retorna a um território sagrado.


Um cego sozinho descendo de uma moto no acostamento de uma rodovia. Você consegue imaginar isso? Para muitos, seria absurdo. Mas não para ele. Porque essa estrada não é feita de visão. É feita de vontade.


Ele ergue o capacete, respira fundo e pensa: “A vida sempre achou que eu ia parar. Eu só aprendi a andar de outro jeito.”


E a história começa aqui, no exato instante em que um homem cego decide enfrentar um mundo visual que insiste em negá-lo.


Esse homem sou eu!


E isso basta. Porque há momentos que não pedem explicação. Pedem apenas o sentir, o silêncio e uma oração...

 

-> Descrição do vídeo para deficientes visuais:
O vídeo foi criado com uma música produzida no Suno, com uma imagem feita no Chatgpt e montado no Clipchamp. Segue a descrição da imagem:


A imagem mostra um homem alto, forte, de presença serena, avançando pela estrada como quem atravessa dois mundos ao mesmo tempo. Ele veste uma jaqueta escura que acompanha o movimento do vento, uma boina firme sobre a cabeça e óculos escuros que não escondem, mas revelam: ali está alguém que vê de outro jeito.


A moto, ou mlhor, a Gatuna surge logo à frente, ocupando a parte inferior da imagem, imponente e silenciosa como uma guardiã. Seu farol brilha com uma luz amarela suave — não um clarão, mas um pulso, como se respirasse. O homem segura o guidão com firmeza tranquila, aquela força que não precisa provar nada.


Atrás dele, o céu se derrama em tons quentes de dourado e marrom, como se o dia estivesse preso entre o fim e o começo. O horizonte se estende largo, infinito, deixando claro que a estrada não é um lugar: é um estado de espírito.


E no centro desse quadro todo, a sensação é a mesma que a série carrega: um homem que não enxerga pilotando algo que só existe plenamente para quem tem coragem de acreditar.


O título surge abaixo, com letras grandes, sólidas, como marco de quilômetro gravado na alma da estrada:

O CEGO E SUA MOTO

E logo embaixo, em voz menor, mas firme:

Entre o Real e o Imaginado.

A imagem inteira parece um convite não para apenas ler, mas para entrar — como se o leitor estivesse prestes a montar na garupa e descobrir que existe mais mundo do que os olhos conseguem captar.

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